Davide Argiolas publica livro sobre responsabilidade civil das entidades religiosas
Nos últimos anos, numerosas entidades religiosas têm sido confrontadas com pedidos indemnizatórios. Embora por vezes estes surjam relacionados com atos desviantes ocorridos no seio destas entidades (abusos sexuais, maus-tratos, fraudes, etc.), noutros casos dizem respeito a normais práticas religiosas (aconselhamento pastoral, disciplina eclesiástica, proselitismo, etc.) ou a situações desprovidas de um intrínseco significado religioso (desrespeito de normas de segurança e higiene, despedimentos, etc.).
No entanto, o regime de responsabilidade civil extracontratual aplicável às entidades religiosas continua a ser uma incógnita, dada a tradicional isenção destas formações sociais relativamente às regras da responsabilidade civil – isenção por vezes de jure, outras vezes apenas de facto.
Esta obra tenta compreender de que forma as entidades religiosas podem ser chamadas a responder pelos seus atos e omissões ilícitos. Ciente de que não se trata apenas de um problema de Direito Civil, o Autor realiza uma
extensa análise sociológica e histórica, a fim de compreender as razões subjacentes ao aumento da litigância contra as entidades religiosas ocorrido um pouco por todo o mundo nas últimas décadas. Além disso, é dada particular importância ao risco que a forçada aplicação às realidades eclesiásticas de esquemas jurídicos incompatíveis com a sua natureza e funcionamento possa desaguar em indevidas restrições das suas liberdades constitucionalmente garantidas – sem esquecer, todavia, que, por vezes, as entidades religiosas podem causar danos a terceiros da maior gravidade e que a sua liberdade é indissociável da sua responsabilidade.